Como psicóloga, atuando com gestantes e puérperas desde 2001, atendo vários casos onde mães chegam frustradas com o desfecho da gravidez, seja por uma perda gestacional, seja por um parto que não transcorreu como ela desejava, seja por complicações na gestação e/ou no puerpério.
A gravidez é um período de crise e de expectativas. A ansiedade permeia os meses de gestação e é comum a gestante imaginar como será o parto e idealizá-lo de acordo com os seus anseios.
A mulher tem que se preparar (com a ajuda do seu médico assistente, sua doula, seu marido, sua enfermeira...) para a imprevisibilidade do parto, pois mesmo com um plano de parto preparado com todo o cuidado e primor, nem tudo pode sair como o planejado.
Mesmo que a gestante tenha se preparado para o parto natural, feito yoga, participado de rodas e grupos de apoio, escolhido uma equipe alinhada com a humanização do parto, no fim, tudo pode terminar com uma cesárea ou outro procedimento não esperado.
Ela é menos mulher por isso? Não é uma mãe competente por não ter tido seu filho de maneira natural? Qual é a maneira natural de parir? Na banheira? Em casa? No hospital?
Penso que o “ideal” é um conceito particular. O “ideal” é o perfeito para AQUELA MULHER, naquele contexto, naquela situação. Cada gravidez é única. Ninguém vai viver esta experiência da mesma maneira, pois ela pertence somente àquela mulher.
E a pergunta que eu me faço, em cada caso que acompanho, é: o que essa mulher em particular deseja? A gravidez? O parto? O bebê?
Um bebê saudável, um parto sem sequelas para ambos, e a certeza de estar levando seu filho para a casa, por si só, já é um belo desfecho!
Renata Duailibi