Relatos de parto

Luana

Marina & Túlio

Relato de parto: Marina e Luana 

 

Era segunda, dia 13 de novembro de 2023. Eu estava de férias, e antes de Túlio sair pro trabalho, me deu um beijo e eu falei: acordei esquisita, acho que comi alguma coisa que não me fez bem! Naquela manhã eu estava emotiva e apesar do suposto incomodo intestinal, eu estava bem disposta, organizei coisas, estudei, trabalhei (meses depois eu soube que esse fenômeno nas grávidas tem até nome: síndrome do ninho arrumado kkk). Recebi a ligação da Tia Elisa dizendo do quanto estava alegre  por mim, ela me contou como foi o dia que eu nasci (coincidência!?) Fiz almoço e entre uma tarefa e outra sentia umas fisgadas na barriga e pensei: essas contrações de teste estão diferentes hoje.

Por volta das 15hrs que a ficha caiu, aquelas contrações de teste realmente não podiam estar “normais”, passei a sentir cólicas consideravelmente intensas e crescentes (estava com 37 semanas e 6 dias ). Liguei pra Dra. Avelina, que orientou a ir pra BH. Saímos de Pará de Minas às 17hrs. As contrações foram evoluindo na estrada (pelos meus cálculos eu já estava com 3 ou 4 cm de dilatação), a cada 10, 15 min, entre uma contração e outra, eu passei corretivo, um blush, ajeitei o cabelo para o meu grande momento (kkk). Chegamos em BH às 19h30min e fomos direto pro consultório da Dra. Avelina, ela me examinou: 5 cm de dilatação, se preparem que vamos pra maternidade, só vou finalizar um atendimento, pegar minha bolsa e já vamos, nesse tempo procure caminhar, é bom pra estimular o parto. Fiquei dando voltas na recepção, andava como podia e a cada contração eu apertava o Túlio e gritava. Pensei: se com 5 cm esta assim, o que há de vir!?! 

Estávamos eu, Tulio e Dra. Avelina a caminho da maternidade, quando sentimos que seria bom o auxílio de uma doula (que decisão valiosa, o Túlio bem que tentou auxiliar com massagens, mas o desempenho foi comprometido pela emoção rs!). Estacionamos, Dra. Avelina me amparava pelo braço, me ajudando a atravessar a rua, quando tive uma super contração, OMG!  Seguimos para o cumprimento das formalidades burocráticas na recepção do hospital. A dor nas costas que vinha junto com a contração começou a ficar bem intensa, foi quando ouvi a voz baixinha da Miriam pedindo licença pra fazer massagem ...aaaaah que mãos de fada! Chegando no quarto, eu pedi pra desligar as lâmpadas, fui direto pro chuveiro e fiquei sentada na bola sentindo a água quente cair nas costas. A Miriam estava ao meu lado, me massageando e encorajando: eu sei que dói muito, mas a dor é sua aliada pra trazer o seu bebê.

Então permaneci ali, naquela posição aproximadamente 1h, sentindo as contrações aumentarem. Ao som das músicas lindas que o Túlio foi colocando, busquei um breve momento de introspecção para me preparar, orei e pedi a Nossa Mãe Santíssima que guiasse a mim e a todos os envolvidos, senti gratidão e segurança pela presença incondicional do Túlio, o suporte técnico e emocional da Dra. Avelina e da Miriam. 

Aos poucos fui sentindo incômodo e a necessidade de mudar de posição, pedi pra ir pra banheira. Quando entrei, senti um breve momento de alívio seguido de uma MEGA contração e gritei muitoooo alto! tive mais três contrações desse nível e comecei a pensar em analgesia. Novamente senti incômodo, quis sair da banheira (curiosamente meu ideal de parto era na banheira rs)

As contrações evoluíram para um nível além. Eu chorei e perguntei como seria o cenário de uma analgesia. A Dra. Avelina falou que eu estava indo muito bem e já estava quase nascendo, mas se eu realmente quisesse, ela chamaria a equipe. Eu  busquei aguentar mais um pouco, fui pra cama e deitei de lado mas a dor começou a incomodar de um jeito que eu pedi a analgesia. A equipe chegou, um médico e três enfermeiras. Em um instante o cenário mudou, acenderam as lâmpadas e colocaram o acesso venoso no meu braço, lembro que via tudo em câmera lenta, o médico abriu a maleta e... eu comecei a chorar e falei que não queria, pedi pra não me darem analgesia.

Túlio e Dra. Avelina se olharam, ela veio até mim, examinou e falou: Marina, seu bebê está quase chegando, você está com a dilatação quase completa, você consegue! E eu senti que podia. O médico anestesista deixou o quarto e eu, ainda na cama, instintivamente comecei a buscar uma posição que me favorecesse. Deitei de lado, de costas, usei o apoio fixo da cama, por fim, fiquei em quatro apoios. A contração demorou a chegar, mas quando veio eu senti o “círculo de fogo” e comecei a fazer força junto com ela. Eu disse: ela está aqui embaixo! Dra. Avelina olhou e falou: está mesmo, está bem aqui, continue!

A contração estava demorando a chegar. É bom mudar de posição. Levantei, dei uma volta no quarto, senti uma contração chegando, apoiei as mãos na pia do banheiro e fiz muita força. Fui pro banquinho. A Miriam ficou atras de mim, me apoiando e fazendo massagens. Veio a contração, fiz muita força até que levantei pra fazer mais e... dra. Avelina, que estava sentada no chão, sorriu e disse: olha ela aqui Marina! Na contração seguinte eu fiz toda a força que pude e ela nasceu, às 22h45min. 

 

Dra. Avelina colocou a Luana nos meus braços, lembro da textura lisinha da pele dela nas minhas mãos. A pele dela brilhava.

 

Eu, chorando e olhando pro alto, agradecia, dizendo: Eu consegui... eu consegui! Ela não chorava, olhava pra mim com os olhinhos bem abertos e atentos... as palavras não mais podem dizer.

Gratidão,
Imensidão,

Amor Divino!