Relatos de parto
Ítalo
Para falar sobre o meu parto primeiro preciso resumir a minha gestação. Sempre pensei na gestação como algo simples e natural e confesso que achava essa ideia de contratar equipe de parto uma frescura, rsrsrs, mas, no decorrer do processo, compreendi o quanto estar acompanhada dos profissionais certos pode mudar completamente o curso da gestação.
Procurei a Dra. Avelina com 32 semanas, até então estava sendo acompanhada por outro profissional, porém fiquei insegura pois meu bebê estava tendo uma queda no percentil ocasionada por uma alteração placentária que eu já vinha acompanhando com o Dr. Francisco da Fetalli (que por sinal é um médico excepcional que me acompanhou durante toda a gestação se desdobrando na agenda para sempre me atender, tenho uma gratidão enorme por ele) desde 22 semanas e, por isso, minha antiga obstetra me deu poucas esperanças para o parto normal. No entanto essa conduta não estava fazendo muito sentido para mim e minha intuição me levou a procurar uma segunda opinião.
Lembro que na minha primeira consulta com a Dra. Avelina eu estava muito aflita, pois o percentil do Ítalo havia caído mais, porém a Dra. me passou muita tranquilidade e segurança com relação à situação e saí de lá tendo a certeza de que contratar uma equipe seria crucial para o melhor desfecho da minha gestação. A Dra. Avelina me orientou sobre as condutas em relação ao percentil, pois se o percentil caísse abaixo de três e houvesse alteração no doppler teríamos que induzir o parto com 37 semanas. No decorrer das semanas o percentil chegou a ficar em três, mas o doppler sempre estava normal, dessa forma graças a sabedoria da Dra. Avelina resolvemos seguir com a gestação até que o Ítalo estivesse pronto para nascer. Essa conduta foi extremamente importante, pois foi a partir da 37º semana que o percentil do Ítalo começou a subir, sendo que em meu último ultrassom, com 40 semanas, o percentil do Ítalo já era 19.
Minha ultima consulta com a Dra. Avelina foi em 15/03, na qual ela me examinou e vimos o colo bem favorável já com 2 cm de dilatação, minha DPP seria no dia seguinte, 16/03, porém a DPP passou e nada do Ítalo dar sinais da sua chegada. No dia 17 eu tive minha ultima ultrassonografia com o Dr. Francisco e saí do exame sentindo algumas contrações com cólicas e mais ritmadas, porém como a dor ainda era suportável voltei ao trabalho e segui o dia normalmente. No sábado a noite, dia 18/03, perdi o tampão e comecei a ter umas contrações mais dolorosas. No domingo já iniciei o dia com essas contrações, então mandei mensagem para a Dra. Avelina e para a Flávia (minha enfermeira obstétrica da Empodere, simplesmente maravilhosa) que me aconselharam a continuar observando e seguir o dia normalmente. Dessa forma, fui fazer compras com meu marido e na fila do supermercado percebi que as dores das contrações estavam bem mais intensas e seus intervalos mais curtos. Chegando em casa comuniquei a Flávia que me aconselhou a entrar para o chuveiro enquanto se encaminhava para minha casa. A Flávia chegou por volta das 16:30h e me avaliou, 4cm de dilatação, então ela descolou minha bolsa e aguardamos 1 hora para ver se o trabalho de parto engrenaria, porém, o cenário se manteve o mesmo. Mesmo assim a Flavia sugeriu ficar na minha casa um pouco mais, pois ela estava com a sensação de que a fase ativa do trabalho de parto estava próxima e me aconselhou a entrar para o chuveiro novamente com a bola de Pilates para estimular as contrações e aliviar a dor. Depois de alguns minutos no chuveiro percebi que as contrações aumentaram bastante, então resolvi sair da água e fui para a sala aonde continuei me movimentando na bola enquanto a Flavia monitorava as contrações, fazia massagens e avaliava o bem estar do Ítalo. Daí por diante as contrações já estavam bem mais dolorosas, até que senti muita vontade de ir ao banheiro e lá senti minha bolsa se rompendo, informei a Flavia que me avaliou e constatou, 8cm de dilatação, então decidimos que era hora de ir para a maternidade. Durante o caminho lembro que a Flavia me incentivava em relação ao parto natural. Eu sempre disse que queria tentar o parto sem anestesia, mas sem neura, respeitando os limites do meu corpo e mente. Chegamos à maternidade as 21h00minh e fomos para a suíte de parto onde a Dra. Avelina me examinou e viu que a dilatação já estava em 9cm. Fui para o chuveiro e, muito rapidamente, a dilatação já estava em 10cm. A partir daí a dor começou a ficar muito insuportável, porém a Dra. Avelina me explicou que já não dava tempo de anestesia, pois o Ítalo já estava coroando e me aconselhou a me movimentar um pouco para auxiliar no expulsivo, mas a dor era demais para ficar de pé e fomos para o banquinho. A Dra. Avelina se sentou no chão na minha frente e o Álvaro ficou atrás de mim, comecei a fazer força, lembro que a dor era demais e eu achava que não ia suportar, porém eu me agarrei à ideia da chegada do meu filho e pensava muito na minha mãe e na força dela (que teve quatro partos naturais) e isso foi me dando coragem para continuar. Então, com uma força que eu desconhecia em mim, as 21h30minh, o Ítalo foi entregue em meus braços e não há palavras para descrever essa sensação, um misto de alegria, amor e alívio tomou conta do meu ser. Tive um sangramento aumentado logo após a saída do Ítalo ocasionado pela minha placenta e a Dra. Avelina me explicou que não poderíamos aguardar a saída natural da placenta, pois precisaria retira-la rapidamente para conter o sangramento.
Confesso que nem vi o que estava acontecendo direito, pois estava totalmente anestesiada de amor com o meu pequeno nos braços. Por fim, posso dizer que sinto muito orgulho e satisfação por ter conseguido ter um parto natural de uma forma tão leve e despretensiosa e acredito que isso só foi possível graças a minha equipe (Dra. Avelina e Flávia) e, sem dúvidas, o apoio do meu marido Álvaro que me deu total apoio e incentivo durante toda a gestação. Não acreditava que eu seria capaz de parir e, ter conseguido, me enche de satisfação. Acho que ao dar a luz atravessamos um portal que nos eleva para outro nível de existência na qual deixamos de ser protagonistas de nossas vidas e o cuidar passa a ter mais importância do que ser cuidada.