Relatos de parto

Luísa

Ana Elisa & Guilherme

Relato de Parto Ana Elisa, Guilherme e Luísa

 

Após 18 meses de tentativas, sem muitas expectativas, vários testes, exames, consultas, acompanhamento com especialistas e diagnóstico que não tínhamos nenhum problema aparente, veio o tão sonhado “positivo” de forma natural! Antes de engravidar, porém, eu era acompanhada por uma obstetra que diagnosticou precocemente, meu marido e eu, como um “casal infértil”. Com isso, passei a ser assistida por outra obstetra especialista em fertilização, fiz alguns exames, e antes de pensar numa FIV, engravidei sem nenhuma intervenção. Porém, ela disse que não poderia acompanhar a minha gestação.

Diante disso, já bem preocupada, procurei um novo profissional para acompanhar a gestação. Após várias opções, decidi por um que foi indicação de algumas conhecidas, pois era um bom profissional, de referência e já tinha feito vários partos. O que ele falasse para mim era lei. Afinal, sou mãe de primeira viagem e minha DPP em 01 de Janeiro de 2023, me direcionava para um parto no final/ início do ano. Gostaria de ter um médico bom para me acompanhar no parto, pois é um período mais tumultuado e eu não tinha segurança de ir para um plantão.

Nesse intervalo, por insistência da minha mãe (que teve 3 cesáreas eletivas), resolvi procurar uma doula. A primeira pergunta que ela me fez, desestruturou tudo que eu imaginava que estava tranquilo: “Você já tem em mente qual a via de parto você deseja?”. Na hora não entendi muito bem o teor da pergunta, mas disse que não tinha conhecimento dos benefícios de um ou outro, e o que o médico decidisse, para mim estaria ótimo. Desde que o bebê viesse com saúde e eu não ganhasse na banheira (risos), ficaria feliz! Ela me alertou sobre o risco da minha resposta e me pediu para assistir ‘O Renascimento do Parto’ na Netflix, além de compartilhar outras informações sobre o tema.

Com certeza, eu não sabia do que ela estava falando, afinal, não é o parto cesárea que todo mundo ganha e que a mulher não sofre? Eu só disse isso, porque pelo teor da pergunta imaginei que a minha resposta, não era o que ela queria ouvir. Mas o que tem de tão errado nisso? Afinal, é o mais seguro ou não? Dentro de um hospital, bloco cirúrgico, com vários médicos, não poderia dar nada errado, poderia? Essas eram algumas das dúvidas que rondavam a minha cabeça. Mas após ver o documentário, o meu pensamento e do meu esposo mudou. Não tínhamos coragem de seguir com uma cesariana de hora marcada se caso a gestação e o bebê estivessem bem.

Assim que pude, falei para o meu obstetra que eu queria o parto normal e aí veio a decepção: ele me deu uma aula sobre os benefícios do parto cesárea por pelo menos 30 minutos, criticou as equipes de médicos que se intitulavam “humanizados” e por ser muito bom tecnicamente e de prosa, quase me convenceu, mas como conhecimento transforma, lembrei do que a Doula tinha me dito.

Após todo o conhecimento que a maravilhosa doula Carla Pacelli (Metamorfose Materna) compartilhou comigo, decidi procurar por outro(a) obstetra que estivesse mais alinhado com o que eu planejava. Eu já estava com aproximadamente 16 semanas, e a busca incessante por um(a) profissional adequado(a) foi tensa, mas sabia que tudo que estava acontecendo era o dedo de Deus me guiando para o que fosse melhor. E somente com 23 semanas de gestação, consegui uma consulta com a disputada Dra. Avelina Sanches, do Núcleo Bem Nascer.

Foi “match” à primeira vista, pois desde o início fui muito bem acolhida e assistida. A minha gestação estava ótima e sem nenhuma intercorrência. Alimentação saudável, psicológico calmo, atividade física frequente (caminhadas, crossfit, yoga e pilates) e fisioterapia pélvica desde o início com a espetacular Dra. Aline Lopes (Fisioterapeuta e Acupunturista). Sobre a minha DPP, a Dra. Avelina avisou que tinha possibilidade de estar viajando no período, mas que eu poderia ficar despreocupada, pois a equipe do Núcleo era grande e eu estaria amparada da mesma forma. Tudo “certo” para não dar nada de “errado”.

E assim foi tudo tranquilo até eu completar 37 semanas. A Dra. Avelina confirmou a viagem entre Natal e Réveillon, e um dos profissionais da equipe me acompanharia nessa ausência dela, caso precisasse. Eu escolhi a Dra. Camila Neiva, e na semana seguinte, a consulta já aconteceu com as duas obstetras. Repassamos o meu Plano de Parto e a Dra. Camila foi super atenciosa, cuidadosa e parecia que eu já era paciente dela há anos! Tinha apenas um ‘porém’, eu já estava com 38 semanas, e a Luísa, minha filha, não apresentou crescimento de uma semana para outra. Mas a princípio estava dentro da normalidade, visto que durante a gestação ela era uma bebê pequena (P10). Saí do consultório feliz e leve, e tinha certeza que a Luísa nasceria em 2023.

Em 28 de dezembro, já com 39 semanas, eu não apresentava nenhum indício de trabalho de parto. Estava apenas com 2 cm de dilatação e contrações de treinamento bem leves, quadro que poderia estender por longos dias. A US fiz apenas mais tarde desse mesmo dia, para checar a respeito do crescimento da Luísa, e após enviar para a Dra. Camila, ela rapidamente me retornou com uma notícia que me deixou cega e sem rumo. Com todo cuidado e atenção, me explicou que tinha conversado com a Dra. Avelina, e que além da Luísa ter perdido peso, o doppler apresentou alteração, e com isso, seria necessária uma indução do parto. Não era caso de urgência, e por isso iniciaríamos todo o processo no dia seguinte em 29 de dezembro. Ela recomendou uma indução natural, e se eu não apresentasse evolução, partiríamos para a medicamentosa.

Mesmo receosa se era a melhor opção, me programei para iniciarmos o processo. Confesso que não era o que eu queria, afinal, a chance de um parto Natural (mudei de ideia ao longo da gravidez) seria mínima, já que a indução nem sempre tem resultados satisfatórios. Ainda na noite do 28, fiz um escalda pés ofertado pela Dra. Aline, e na manhã seguinte fiz uma sessão de acupuntura. Às 20h do dia 29, fui a NeoCenter para fazer o descolamento manual das membranas, e para minha alegria, só com a acupuntura, eu já estava com 4cm de dilatação. E às 21:30 tomei o famoso “Shake das Parteiras”. Depois, era só esperar. Caso esse combo não funcionasse, iniciaríamos a medicação no dia 30 pela manhã. Às 23h, as contrações mais fortes iniciaram. Entrei em contato com a Dra. Camila e voltei para a maternidade NeoCenter. Por lá fiquei, e tinha certeza de que estava em Nárnia (risos). Às 1h da manhã, minha bolsa estourou no chuveiro.

Dessa hora em diante, passei de Nárnia para a Partolândia, pois as contrações eram bem mais fortes, e eu não conseguia nem mudar de posição. As dores intensas só eram “aliviadas” com as massagens da doula e do meu esposo. As contrações só aumentavam e o intervalo entre elas era mínimo, e eu não conseguia nem tomar água. Eu tinha certeza, que meu psicológico não estava preparado para tudo aquilo e com certeza subestimei a dor do parto. Eu já não escutava mais o que as pessoas diziam, estava cansada e não conseguia responder nada. Não faço a mínima ideia de que horas era isso, mas lembro apenas que me perguntaram se eu queria ir para a banheira, e eu mexi com a cabeça dizendo que não. Na verdade, eu não conseguia sair da posição que eu estava.

A Dra. Camila lembrou que eu havia colocado no meu plano de parto, que quando eu pedisse pela 4x, eles entrariam com a analgesia. E assim, ela e meu esposo respeitaram. Quando eu disse pela 4ª vez que não estava aguentando, eles pediram que viessem a equipe da anestesia. A enfermeira preparou o acesso no dorso da minha mão, mas enquanto isso tive uma sensação muita grande de fazer o número 2. Estava em pé ao lado da maca, e fiz a força toda vez que me dava vontade (puxo espontâneo). Na hora que o anestesista chegou na porta do quarto, percebi que eu estava na fase do expulsivo e estava sentido o famoso círculo de fogo. Já não era mais necessário o trabalho dele.

E assim, às 4:03 do dia 30 de Dezembro de 2022, a Luísa nasceu em um parto totalmente natural, respeitoso e humanizado.  e graças a Deus, a minha fé, não foi necessária a indução medicamentosa e nem anestesia!

 

Mãe: Ana Elisa Gonçalves (@anaelisagoncalves@gmail.com)

Esposo: Guilherme Toledo (@gyto13)

Doula: Carla Paceli (@carlapaceli e @metamorfosematerna)

Fisioterapeuta Pélvica e Acupunturista: Aline Lopes (@alinelopessaudedamulher)

Enfermeira/ Consultora de Amamentação: Renata Inácio (@enfermeirarenatainacio)

Obstetras: Dra. Avelina Sanches e Dra. Camila Neiva (@nucleobemnascer)

 

Fotografia/ vídeo: Juliana Alves (@paparicofotografia)