Relatos de parto
Samuel
Mais que um relato de parto, compartilho a realização de um sonho.
Sempre que eu era questionada sobre meus sonhos, não exitava dizer que sonhava ser mãe. Meus olhos brilhavam, muitas vezes chorava na ânsia de realizá-lo, mas sabia que precisava esperar o momento certo. E assim aconteceu, o Samuel foi desejado, planejado e mesmo antes de ser concebido, já era muito amado.
Escolhi a Dra. Avelina para nos acompanhar quando este momento chegasse, então, fiz uma consulta pré concepcional meados de 2020 e, em outubro/2020, tive o tão sonhado positivo.
Foram 4 meses de tentativas até que Deus me presenteou com aquelas duas listrinhas em um teste de farmácia, feito no sábado, dia 31/10/2020. Em um primeiro momento, apesar de desejar muito, a ficha não caiu. Foi um misto de emoção e medo, mas a felicidade superou qualquer sentimento.
Iniciamos o pré natal e a gestação transcorreu sem nenhuma intercorrência e/ou quaisquer desconfortos que são comuns nesta fase.
As semanas se passaram e, por incrível que pareça, me mantive tranquila nesta doce espera pelo meu tão sonhado filho (quem me conhece sabe o quanto sou ansiosa. Ou melhor, era. A maternidade tem o dom de nos transformar!)
Com 37 semanas de gestação, os sinais eram positivos para o tão desejado parto natural, já havia dilatação, o Samuel bem encaixadinho e o colo do útero afinando. Tinha certeza que meu pequeno nasceria com antes da data provável para o parto, mas, como quem decide o tempo certo para todas as coisas é Deus, e o Samuel não estava com a menor pressa de sair do forninho, avançamos por mais alguns dias.
Com 40 semanas e 5 dias, fui a consulta de rotina e manifestei para a Dra. Avelina meu desejo de acelerarmos o trabalho de parto e, juntas decidimos pelo descolamento de membranas. Então, naquela mesma consulta, a Dra. fez um pequeno descolamento. Ao ouvir o coração do Samuel pelo aparelho sonar, os batimentos cardíacos estavam oscilando entre 112/116, o que era considerado baixo e, para certificarmos de que estava tudo bem, a Dra. pediu que eu fizesse o exame de cardiotocografia e retornasse ao consultório mais tarde, para ela verificar o resultado e fazermos novo descolamento. Saí da consulta para a maternidade onde realizaria o exame, com o coração na mão. Lá encontrei com o Adriano e estavamos apreensivos e com medo do resultado daquele exame. Choramos, mas sabíamos que Deus não iria nos desamparar. E assim foi, graças a Deus o resultado foi ótimo e retornei ao consultório para fazermos novo descolamento. Saí do consultório já com cólicas e naquela madrugada, foram contrações a noite inteira, não conseguia dormir. Pela manhã, tomei um banho bem quente e as contrações cessaram. Não era o trabalho de parto ainda.
Já com 40 semanas e 6 dias, fiz uma boa caminhada pela manhã, cheguei muito disposta em casa, organizei algumas coisas e às 14:20hs, tomei o shake para auxiliar na indução do parto. Quando foi 16:13hs, as contrações começaram novamente, mas sem muito ritmo.
Por volta de 00:30hs, elas intensificaram e já vinham de 3 em 3 minutos. Tomei banho quente, exercitei na bola e nada de cessarem. Às 1:40hs, o Adriano disse: "liga para a Dra. Avelina e vamos para a maternidade, você está me chamando a cada 3 minutos com dor. Acho que está na hora". E assim eu fiz, liguei para a Dra e ela só disse: "bora? Te encontro na maternidade em 20 minutos". Ah como isso me animou! Chegamos na maternidade, logo a Dra. Avelina chegou, me examinou, estava com 5cm de dilatação e as contrações vinham de 3 em 3 minutos. Internamos por volta de 3:05hs, a Dra. Avelina ficou o tempo todo conosco, me orientava nos exercícios, fazia massagem quando as contrações vinham, me recomendou entrar no chuveiro e na banheira para aliviar as dores e assim eu fiz. O Adriano esteve ao meu lado a todo momento, me amparava nas dores, me ajudava fazendo as massagens e assim o tempo foi passando. A Dra. sempre monitorava os batimentos cardíacos do Samuel. Quando foi por volta de 06:00hs, as contrações vinham quase sem intervalo e a dor se tornou insuportável para mim, tanto que cheguei a vomitar. Pedi analgesia, mas antes, conversei com a Dra para certificar de que minha decisão não interferiria no andamento do trabalho de parto. Ela me examinou, viu que eu já estava com 7cm para 8cm de dilatação e, muito tranquila, explicou que as contrações poderiam ficar mais imperseptiveis por causa da analgesia, para eu avisá-la toda vez que sentir a contração para monitorarmos a frequência com que vinham. Até esse momento, a bolsa ainda não havia rompido. Às 07:30hs mais ou menos, recebi a analgesia. 30 min depois, aproveitando o efeito da analgesia, a Dra. Avelina rompeu a bolsa e comecei a exercitar para estimular as contrações.
Mesmo com a bolsa rompida, as contrações estavam muito espassadas e a Dra. sugeriu o uso da ocitocina enquanto o efeito da analgesia não passava, concordei e foi feita a aplicação. Neste momento, sentei-me na banqueta e, a cada contração, já treinava a força para o expulsivo.
Em dado momento, quando a Dra. foi monitorar os batimentos cardíacos do Samuel, no aparelho aparecia 94/95bpm e eu fiquei um pouco tensa, porque sabia que algo estava errado. A Dra. Avelina, muito tranquila, apesar de haver um problema, não deixou transparecer, apenas solicitou a presença da equipe de enfermagem para lhe auxiliar, pediu para chamarem a pediatra e pediu que aumentassem a dose de ocitocina. Sentada à minha frente e o Adriano atrás me dando força, quando vinha a contração, ela me orientava a fazer a força de forma correta.
Eu olhava para o Adriano e ele para mim, ambos tensos, tentando manter a calma. Me colocaram no oxigênio para ajudar na oxigenação do Samuel.
Confesso que fiquei um pouco desesperada, com medo de algo acontecer com meu pequeno, mas sabia que estava em boas mãos.
Fomos para a cama e fiquei na posição semi sentada, para facilitar o expulsivo e qualquer intervenção que fosse necessária para trazer meu filho ao mundo da melhor forma possível. Com a dose de ocitocina aumentada, as contrações vinham e com elas, a vontade de empurrar. O Adriano estava em pé ao meu lado direito, segurando a minha mão e na hora de fazer força, ele segurava a minha perna, como orientava a enfermeira que estava do meu lado esquerdo, no intuito de ajudar.
Eu sentia que meu filho estava em apuros e precisava de mim para sair logo, então, a cada contração, fazia a força que nunca imaginei ter.
Foi necessário o uso do kiwi(Vácuo extrator), pois o Samuel estava com bradicardia e o expulsivo não poderia ser demorado.
Após várias forças, estava exausta, mas determinada a ajudar meu filho a vir ao mundo bem. Senti a famosa bola de fogo, ele coroou e a Dra. disse: "você não queria tocar a cabeça dele, pode tocar". Ainda desnorteada, exitei no primeiro momento, mas me permiti tocar a cabeça do meu menino. Que emoção! Nesse momento, o Adriano já estava super emocionado ao meu lado. Foram mais algumas forças até que ele saiu, roxinho, direto para os meus braços. A pediatra o massageou, aqueceu a cabecinha com uma touca e ele estava tão cansadinho, que demorou a chorar, mas recuperou rápido a cor, para nossa tranquilidade.
O papai cortou o cordão umbilical e fiquei por um longo tempo admirando meu menino coladinho pele a pele comigo.
Não é atoa que da fase ativa para o expulsivo se dá o nome de fase da transição, nesse momento, há o nascimento de um filho e o renascimento de uma mãe. Impossível não gritar, e para mim, o grito foi a marca dessa fase transformadora na minha vida.
Resumo essa experiência como a mais marcante da minha vida, pelas transformações que ela fez em mim, tanto fisicamente quanto psicologicamente. Me sinto mais forte, linda e preparada para o mundo. Eu gerei uma vida que me deu nova vida. Renasci mãe do Samuel, que chegou no dia 14/07/2021, às 11:37hs, com 51 cm e 3.340kg .
Finalizo o meu relato externando minha enorme gratidão à Dra. Avelina, pela profissional incrível, dedicada, esclarecedora e humana, que nos assistiu durante toda a gestação com amor e, na hora do parto, quando identificou que o Samuel estava com bradicardia, se manteve tranquila, preparada e muito ágil nas decisões que precisaram ser tomadas no momento, mas sempre respeitando as minhas vontades manifestadas no plano de parto.