Relatos de parto
Lucas
Lembro da alegria que sentimos ao ver o teste de gravidez positivo, uma mistura de medo do que viria pela frente, mas uma felicidade que não cabia no peito. Então, veio a grande dúvida: quem vai me acompanhar nessa trajetória? Foi quando conversando com a minha professora de yoga, Marcela Faria, ela me contou sobre seu parto e me falou da Dra. Avelina Sanches. Já na primeira consulta, gostamos muito dela. Eu tinha vários medos e inseguranças (como a maioria das gestantes imagino), e ela, pacientemente, foi nos ajudando a desfazer mitos e a construir nosso plano de parto, o que nos fez ler muito para nos informarmos e tirarmos dúvidas ao longo dos 09 meses, e fui me sentindo cada vez mais preparada para o meu parto.
A gravidez inteira foi muito tranquila, não sofri com os temidos enjôos do primeiro trimestre e consegui aproveitar cada fase. Decidi que queria me cuidar ao máximo e fui muito privilegiada nesse sentido, pois contei com excelentes profissionais. Iniciei o acompanhamento com a nutricionista Caroline Fernandes, que foi essencial para me manter saudável, mas sem neuras. Mantive a terapia, fiz Pilates até o começo da pandemia, e logo no começo do segundo trimestre iniciei o acompanhamento com a fisioterapia obstétrica na Clínica Sabrina Baracho com a Luciana Manetta, que foi fundamental para me preparar para o parto e também o pós parto. Como o Lucas estava pélvico, fiz sessões de acupuntura também na clínica com a Rachel Mirachi e, após duas sessões mais as orientações para casa, com uma semana, ele ficou cefálico para meu grande alívio.
Acompanhar a barriga crescendo foi também maravilhoso, mas passar os últimos meses da gestação na pandemia, não foi fácil, ficar longe da família e dos amigos foi muito sofrido, mas a tecnologia ajudou muito. Realmente ter uma boa rede de apoio (virtual ou não) faz toda diferença e, mesmo a distância, sentimos o amor e carinho de cada um dos nossos familiares e amigos.
A reta final da gestação pareceu mais longa que os 09 meses... Imaginava que com 40 semanas já teria o Lucas nos braços, mas não foi assim. Dra Avelina, muito competente e calma, soube nos tranquilizar e ajudar nas tomadas de decisões. Com 40 semanas, começamos com medidas não farmacológicas para induzir o parto: acupuntura, aurículoterapia e atividade física. Com 41 semanas, optamos pelo descolamento de membrana, que também é um método não farmacológico de indução. Senti um leve desconforto durante o procedimento (mas suportável), me exercitei e tive leves contrações, porém sem ritmo. No dia seguinte, já bastante ansiosa, acordei cedo e tive uma longa conversa com o bebê, explicando os motivos de querer entrar em trabalho de parto independente da via de nascimento, de querer evitar a indução por medicamentos, e do quanto ele estava sendo esperado aqui do lado de fora. Coincidência ou não, assim que conversamos, comecei a sentir contrações. Liguei para Dra. Avelina que me orientou a continuar exercitando em casa e me passou o contato do Rafael, enfermeiro obstetra, para me ajudar nesta reta final. Assim, continuei meu dia, mas as contrações foram aumentando a intensidade, até que, a noite, as dores começaram leves. O Paulo, meu marido, fez as massagens que aprendemos no curso de preparação para o parto com a Luciana, e fiquei o máximo possível no chuveiro. Quando as contrações ficaram em menos de 5 minutos por quase 1h, entramos em contato com o Rafael que veio me avaliar as 03h da manhã. Para nossa grande surpresa, já estava com 4 a 5cm de dilatação. Não coube em mim de alegria e alívio! Ele e o Paulo me ajudaram no alívio da dor, porém, a medida que o trabalho de parto progredia, o banho e as massagens foram perdendo o efeito. Então, as 07:30h fomos para a Maternidade Neocenter. Quando chegamos, já estava tudo a nossa espera no quarto e Dra. Avelina optou por romper a bolsa, já que o trabalho de parto não estava progredindo. Foi aí que as dores realmente intensificaram! Tentamos várias posições de alívio da dor e que também poderiam ajudar na dilatação, mas a dor foi tanta que, com 7cm, já não estava conseguindo seguir qualquer orientação. Foi quando pedi por analgesia e fui prontamente atendida. Colocaram uma dose bem leve para que pudesse continuar me movimentando e participando ativamente do parto. Pude descansar por 30min, que fez toda a diferença, e então continuamos os exercícios. Não demorou muito e cheguei finalmente nos 10cm de dilatação. Que alívio! Resolvemos experimentar o banquinho e Dra. Avelina disse que já dava para sentir a cabeça do Lucas. Ao ouvir isso, senti minhas forças renovando e, apesar do cansaço e da dor do período expulsivo, consegui participar ativamente do meu parto. Eu pensava que não iria sentir tanta dor como senti, o que me assustou muito, mas foi quando entendi uma frase que li durante a gravidez: sentir dor não é sinônimo de sofrer. Realmente senti muita dor no período expulsivo, mas não sofri. Pelo contrário, me senti amparada e respeitada por todos que assistiam o parto, todos tentando me ajudar a ter a melhor experiência possível, isso me deu forças e só queria saber de ter logo o meu filho nos braços. E foi muito melhor do que imaginei: após uma dor enorme, quando achei que não iria conseguir mais, abri os olhos e lá estava o Lucas nos meus braços e nos do Paulo. Esse é um daqueles raros momentos na vida que o tempo parece parar. E por ter vivido isso da forma que gostaria, sou só gratidão.
Além da equipe maravilhosa que me acompanhou, de cada profissional nesses 09 meses, tenho que falar do meu marido, pois realmente foi meu parceiro. Não me senti só em momento algum, pois ele estava comigo o tempo todo, a gravidez só nos aproximou e, durante o parto, ter ele ao meu lado foi essencial.
Enfim, só tenho o que agradecer, a Deus, ao Paulo, a cada profissional, aos nossos familiares e amigos que se fizeram perto mesmo longe e, em especial, aos meus pais que enfrentaram a pandemia e vieram para BH para nos ajudar nesta reta final. Por fim, o pós parto não é fácil, é preciso se preparar para ele também, não só para o parto. Mas acordar e poder olhar para o meu bebê e ter ele nos braços, torna tudo melhor.