Relatos de parto
Marcel (Fernanda & Alysson)
Sou Fernanda, mãe de uma menina de quase 3 anos de idade cujo parto foi cesariana, sem uma causa clara. A justificativa foi que no último ultrassom (realizado em outro local, diferente dos inúmeros anteriores), o bebê estava aparentando ser muito pequeno. Mas defino como inexperiência materna e a troca de obstetra no 6º mês da gravidez. Minha filha nasceu saudável, de 39 semanas, pesando 2.865 gr e a cirurgia aconteceu em 30 minutos. Porém, me rendeu um pós parto doloroso, dependendo de terceiros para atividades relativamente simples e me gerou uma hérnia inguinal, 2 anos depois devido a fragilidade causada pela descontinuidade muscular do procedimento da cesariana. Ou seja, em menos de 3 anos eu passei por 2 cirurgias que poderiam ter sido evitadas. O mais triste é que, com o passar do tempo, acredito ser uma forma de dar satisfações, eu comecei a acreditar que realmente não tinha condições de ter um parto normal, eu acabei incorporando a culpa por isso. O relato acima foi confirmado por obstetras e cirurgiões gerais, o que me fez arrepender muito de ter feito uma cesariana, principalmente por nunca ter sido cogitada por mim, pelo contrário.
Desde então, eu e meu marido, pensávamos em ter outro filho, no entanto os fantasmas da primeira experiência pairavam sobre a minha cabeça. Após a cirurgia para retirada da hérnia, me consultei com alguns médicos na tentativa de encontrar um profissional que compartilhasse da minha vontade de ter parto normal. Depois de várias decepções, uma em destaque, onde o médico diz, dando tapinhas nas minhas mãos: “deixa de ser boba minha filha, você já teve uma cesariana, vamos ter outra. Com 39 semanas iremos marcar e você vai ter o conforto de um parto tranquilo e programado “. Saí do consultório e nunca mais voltei, nem para saber o resultado do exame de cólo uterino.
A partir de então a minha insegurança aumentou, assim como a probabilidade de ter outra cesariana, caso eu engravidasse novamente. Durante muito tempo sempre ouvi da maioria das mulheres e dos profissionais frases e expressões do tipo: “ se você já teve uma cesariana é muito difícil a segunda também não ser”; “ eu que não me imagino naquela situação constrangedora e dolorosa do parto normal, Deus me livre”; “ você é mais mulher que eu, pois nunca escolheria um parto normal, é doida mesmo”; “ tadinho do meu marido, ele não merece ver aquilo tudo e depois ainda ter uma mulher ‘deformada’, você nunca vai voltar a ser o que era antes do parto”. E outras mais clássicas: “você vem de uma cesariana prévia, isso pode atrapalhar e muito o parto normal”; “seu útero está muito alto, difícil ele descer até a data prevista”; “você não tem passagem suficiente”; “que pena, com 38 semanas seu colo ainda está fechado e você não tem dilatação”; “vamos aproveitar o meu plantão e fazer o parto, é o que eu faria, mas você pode ir embora e se responsabilizar pelas consequências de não fazer a cesariana comigo”. Essa última foi a que eu ouvi e que nos abalou totalmente, eu e meu marido estávamos sozinhos na maternidade e nos foi colocada uma decisão que poderia custar a vida da nossa filha (era o que a profissional deixou bem claro). Após 2 horas minha filha já estava em nossos braços e eu pude me levantar do leito 12 horas depois por causa da anestesia.
Em janeiro desse ano descobrimos nova gravidez, a primeira providência foi entrar na internet, desisti de indicações, e procurar um profissional cujo carteira tivesse menos cesarianas. Imediatamente o Google nos deu a opção do Núcleo Bem Nascer, que entrei e dentre os profissionais relacionados escolhi o drº Sandro Luis. Mal sabia eu, que estava escolhendo o médico que mudaria as nossas vidas.
No dia 15 de janeiro fiz o exame de sangue que confirmou a gravidez. Dia 17 de janeiro consegui, por uma desistência, consulta com o drº Sandro e contei minha experiência anterior e expus a minha vontade de ter um filho por parto normal, o que para ele foi algo mais que natural de uma gestante solicitar. Dia 18 de janeiro fizemos o ultrassom endovaginal que além de determinar a idade gestacional, identificou um hematoma uterino de tamanho consideravelmente grande que colocava a gestação em risco. A partir desse momento nossa esperança de uma gravidez e um parto normais caíram por terra. Mandamos mensagem para o drº Sandro com o resultado do exame e ele quis nos ver no sábado, na maternidade. Minha ansiedade era gigante, pois além do hematoma, eu iria voltar a trabalhar após as férias na segunda, dia 22/01. Ele nos atendeu de uma maneira tão acolhedora e com uma empatia tão grande que ficamos extasiados com tal conduta. Nos deu um abraço e disse que o hematoma é uma realidade, mas existia tratamento e que tudo daria certo, bastava seguir as orientações de usar a medicação e fazer repouso até a resolução do problema.
A cada consulta, a cada ultrassom a sensação era de medo, sempre esperávamos o pior. Ao mesmo tempo, a cada encontro com drº Sandro as esperanças eram renovadas e a nossa segurança só aumentava. Até que um dia eu questionei que a partir desse momento o parto normal não seria possível, e, para minha surpresa, ele disse que isso não tem nada a ver com o parto e que os planos não precisariam ser mudados. Eu e meu marido ficávamos ansiosos pelo ultrassom, mas ao mesmo tempo doidos pela consulta para ouvir as orientações e conclusões do nosso obstetra. Com o passar do tempo, tudo que drº Sandro falou se concretizou, o hematoma sumiu, eu voltei a trabalhar e a ter uma vida completamente normal e a gravidez seguiu seu curso.
Mais para o final da gestação descobrimos que nosso filho apresentava o cordão envolto no pescoço, meu Deus, mais uma peça do destino. E logo depois, o resultado do Teste de Swab deu positivo para Estreptococos. Diante disso já fomos para a consulta com a certeza que tudo conspirava contra o parto normal. Acho que na tentativa de me decepcionar menos, eu sempre esperava ouvir os clássicos para justificar a necessidade de uma cesariana. E, em todas as consultas, todos os contatos drº Sandro era categórico em relação ao parto normal: “Fernanda, nada do que aconteceu e está acontecendo impedem o parto normal. Essas intercorrências são problemas meus, você deve guardar as lágrimas para o momento do parto, pois vai precisar.” E fizemos juntos o Plano de Parto com a retirada de todas as nossa dúvidas. Eu contei que tinha uma amiga enfermeira obstetra e que gostaria de me acompanhar no trabalho de parto, caso o obstetra permitisse. Ele, no mesmo momento, permitiu e achou uma ótima ideia já que conhecia o trabalho da maioria das enfermeiras especialistas.
Nas últimas consultas de pré natal, tudo se repetia em relação ao colo fechado e ausência de dilatação. Drº Sandro nos explicou a dinâmica do parto, bem como a evolução do mesmo, com orientações sobre ações que facilitam o parto normal. E, no dia 05/09, com 39 semanas e 4 dias Marcel veio ao mundo, de parto normal e assistido pelo drº Sandro e a enfermeira minha amiga. Um momento sublime, tranquilo, cada ator realizando seu papel conforme orientado. E drº Sandro demonstrando uma generosidade enorme conduziu tudo da melhor maneira possível. O trabalho de parto, desde a minha entrada na maternidade, durou exatamente 2 horas e meu bebê nasceu saudável e mamando ativamente.
Acredito que existam médicos que realmente prezam pelo mais saudável e respeitam a decisão da gestante. Infelizmente, nos hospitais particulares, essa prática ainda é a minoria: segundo a ANS (Agência Nacional de Saúde) em 2017 a média das taxas de partos cesáreos por operadora de plano de saúde eram superiores à 70%, chegando a 100% em algumas operadoras. Ou seja, uma das opções para se ter um parto normal é procurar o sistema público, mesmo tendo um plano de saúde, pois assim a sua vontade poderá ser atendida.
Esse relato é uma homenagem singela ao médico que mudou a minha vida, que me devolveu a auto estima e renovou a minha esperança no sistema de saúde brasileiro. Drº Sandro Luís foi um anjo em forma de obstetra, que veio com uma missão e a cumpriu com louvor. Em todos os momentos difíceis que passamos durante essa gestação ele foi a única pessoa que em nenhum momento duvidou de nada. Para ele as nossas angústias eram compreensíveis, porém não eram motivo de tristeza ou desesperança. Ele era o nosso porto seguro e por isso, foi a pessoa que liguei às 05:50h pedindo ajuda para que todo o processo não fosse perdido com a decisão de uma cesariana por outro profissional. Foi um momento de desespero cuja única esperança era o drº Sandro, que mais uma vez, nos amparou e tornou o nosso sonho possível.