Relatos de parto
Lucca
Tudo começou na quarta feira, dia 28/08/19, quando estava com exatas 38 semanas de gestação. Por volta de 6 horas da manhã me levantei para ir ao banheiro, como fazia de hora em hora há meses (rs). Ao espirrar eu percebi que algo diferente tinha saído, era meu tampão. Alguns dias antes eu tive a suspeita de que meu tampão havia saído, mas minha querida obstetra Dr. Avelina disse, através da minha descrição, que, se fosse, seria apenas o inícinho dele. Dessa vez eu resolvi tirar uma foto e mandar para ela, e era mesmo o começo de tudo que estava por vir. Confesso que não me animei muito ou achei que as coisas seriam rápidas. Já tinha lido que o corpo pode reconstituir o tampão, ou a mulher pode ficar semanas sem ele, então, na minha cabeça, isso não mudava em nada minha gestação. O Luiz, sempre muito pé no chão e racional, também não demonstrou nenhuma ansiedade de que isso significasse algo. Coincidentemente nesse dia eu tinha agendado um ultrassom e uma consulta de pré-natal. Por volta de meio dia eu, Luiz e minha mãe fomos para o ultrassom. A consulta foi muito desanimadora, o médico falou que meu colo estava super alto, que eu não tinha nenhuma dilatação e que esse bebê dificilmente sairia dali antes das 41 semanas. Sai bem chateada de lá, não que eu quisesse que o Lucca nascesse na hora (rs), mas pensar que a gestação se estenderia mais 1 mês me deixou cansada. Já estava muito difícil dormir, tinha que dormir sentada para amenizar a azia e carregar o peso estava cada dia mais difícil. Luiz precisou voltar ao trabalho e eu e minha mãe fomos direto para a consulta com a obstetra. Contei sobre o ultrassom e ela logo foi dizendo que não dava para prever essas coisas, que eu não devia desanimar com isso e que tudo era muito relativo, para eu não ficar pensando nisso e ficar ansiosa atoa (sempre maravilhosa ela). Pela primeira vez fizemos o exame de toque e para minha surpresa eu estava sim com dilatação e meu colo não estava tão alto como o outro médico havia falado. Era apenas 1 cm de dilatação, mas já me deixou mais animada e esperançosa de que poderia não demorar tanto assim. Minha mãe saiu da consulta falando que o Lucca não demoraria a vir (sentimentos de vó). Fomos para casa e seguimos nossa vida normalmente. O restante do dia foi super tranquilo e a quinta feira também. Quinta-feira a tarde fui a uma consulta conhecer uma pediatra e direto de lá resolvemos comprar um lanche e ir à casa da minha irmã Carine ver meus sobrinhos Theo e Dom. Estava me sentindo cansada, tinha caminhado bastante nesse dia, eu estava enorme. Mas até aí nada de novo. Nesse dia minha irmã insistiu que eu esperasse ela tomar um banho e falou que queria muito tirar uma foto em família, eu até tentei ir embora, tava super inchada, exausta e nada afim de fotos. Mas ela falou que fazia questão e que essa seria nossa última foto em família com o Lucca ainda dentro da barriga. Tiramos várias fotos e fomos embora. Por volta de meia noite de quinta para sexta, eu comecei a ter uma cólica forte que permaneceu indo e voltando a madrugada toda. Não consegui dormir nada e toda hora eu chamava o Luiz porque estava sentindo algo bem diferente: e eram as contrações. Sexta pela manhã as dores ficaram intensas, mas as contrações não eram ritmadas, o tempo variava bastante entre as ondas de cólicas e eu não consegui dormir quase nada, nenhuma posição amenizava. Ao conversar com minha médica ela disse que isso poderia passar, que poderia se estender por dias ou poderia mesmo ser o início da fase latente. Ela recomendou que eu tentasse distrair, fazer caminhada, comer o que gostava e descansar bastante. Luiz não foi trabalhar nesse dia e fizemos o que a Dr. Avelina recomendou, fomos caminhar na lagoa da Pampulha, comi doces que gostava e resolvi comprar algumas coisinhas para levar para o hospital se as coisas evoluíssem. A tarde as cólicas diminuíram muito, me fazendo achar que realmente o processo tinha parado. Fui para casa e tentei dormir um pouco, não lembro se consegui (rs). Na sexta à noite tínhamos o último encontro marcado com nossa doula, Nanda, e quando ela chegou lá em casa conversamos e contei tudo que estava acontecendo pra ela. Ela falou que não parecia estar na fase latente ainda, que era para eu relaxar. Ao longo da noite fizemos alguns exercícios e as coisas foram mudando um pouco, voltando a ser como naquela manhã, um pouco mais frequente e dolorido, mas nada ritmado ainda. Ela saiu da nossa casa falando que achava que não ia dormir aquela noite. Por volta de 23 horas as contrações começaram a ficar mais fortes e um pouco mais ritmadas. Enquanto isso o Luiz estava marcando o intervalo de tempo sem me contar, para que eu não ficasse mais ansiosa. Quando deu 00:30 resolvemos ligar para minha médica pois eu já não estava conseguindo sair de baixo do chuveiro e as contrações estavam de 3 em 3 minutos mais ou menos e isso já estava praticamente constante há uma hora. Como nunca vivemos isso antes, Luiz falou que preferia ir ao hospital e se fosse o caso, voltávamos para casa. A Dr. Avelina pediu para nos encontrarmos as 01:30 no Neocenter para que ela me avaliasse. Foi a viagem mais louca da minha vida, ter contrações dentro de um carro é uma tarefa muito complicada. Chegamos lá tendo certeza que voltaríamos para casa, achando que não teria dilatação suficiente ainda. Eu preferia vivenciar a fase latente em casa e ir ao hospital somente na fase ativa. Ao me avaliar, minha obstetra disse: ”Vocês estão de parabéns. Já está com 6 cm de dilatação. Vamos internar. Lucca está vindo.” Foi uma sensação única, um misto de alegria, ansiedade, alívio. Ligamos para nossa doula Nanda e ela foi para o hospital. Fizemos a internação, organizamos nossas coisas, colocamos nossa playlist mista de Sandy Junior, Disney e Sertanejo (muito eclética rs) e ficamos lá, eu, Luiz, Dr. Avelina e Nanda conversando, comendo e fazendo exercícios. Durante esse processo de internação e estando na suíte de parto, as contrações diminuíram e eu consegui curtir o fato de que o Lucca estava chegando de forma muito gostosa e leve. Após aproximadamente 1 hora, por volta de 02:30, eu vomitei e minha bolsa estourou, as coisas apertaram novamente (rs). Assim como em casa, eu ficava debaixo do chuveiro e me ajudava demais, mas as contrações se intensificavam cada vez mais e apenas o chuveiro não estava resolvendo. Pedi para entrar na banheira e foi maravilhoso. Fiquei lá um bom tempo, recebendo muito carinho e atenção, principalmente do Luiz, melhor marido, que foi essencial para que eu me sentisse confiante e segura em todas as decisões (no parto e na gestação). As dores e o cansaço apertaram e já estava amanhecendo. Afinal, eu já estava em trabalho de parto deste a madrugada de sexta feira. Minha vontade sempre foi tentar um parto natural, mas nunca fui contra anestesia e estava ciente de todas as vantagens e desvantagens de todo o processo. Pedi que a Dr. Avelina fizesse o toque e constatamos que já estava com cm 9 cm de dilatação. Conversei com o Luiz e estava me sentindo completamente racional nesse momento, como estava muito cansada, resolvemos que íamos pedir anestesia para que eu aguentasse o expulsivo com mais energia. Conversei com o médico anestesista e pedi que a dose fosse mínima, eu queria muito continuar sentindo tudinho e viver o parto de forma completa, mas a anestesia era mesmo necessária para mim. Logo após aplicar eu resolvi dormir um pouco para descansar. Não consegui, mas descansei um pouco e as portas do céu de abriram com o alívio da dor (rs). Virei outra pessoa, comecei a conversar, brincar e me exercitar novamente. Mas o que eu mais temia aconteceu, o trabalho de parto paralisou, o tempo ia passando e as dores começaram a voltar. Quando fizemos o toque, a dilatação continuava igual após mais de 2 horas e o Lucca continuava muito alto. Conversamos bastante e após um tempo resolvemos aplicar um pouco de ocitocina para acelerar o processo. Eu ainda queria muito que o parto fosse normal. Aplicamos a ocitocina e mais um pique de anestesia. Lembro muito da nossa doula, e também irmã em Cristo, Nanda, se oferecendo para orar. Foi muito importante pra mim e me senti ainda mais entregue nesse momento. As contrações ficaram ainda mais ritmadas, e a cada força eu só pensava que estava prestes a conhecer um dos amores da minha vida. Não foi um expulsivo fácil e nem rápido, mas nós conseguimos. As 10:55 eu peguei meu filho nos braços assim que saiu de dentro de mim. Minhas primeiras palavras a ele foram: “Eu te amo demais, meu filho”. Foi um parto no banquinho, apoiada no melhor papai do mundo, Luiz, ao som das músicas da Disney e na presença de Deus. Dia inesquecível.