Tese de Miriam Rego aborda a influência das rodas de conversa nas escolhas da gestante
. “De modo consensual, as mulheres que participam de movimentos sociais pela humanização do parto compartilham entre si o significado do parto como experiência de superação e prazer. Esse processo contínuo, ao longo do tempo, é capaz de modificar a estrutura social que sustenta o significado do parto como sofrimento e risco e de ressignificar culturalmente o parto, sendo de grande relevância para países como o Brasil, com elevadas taxas de intervenções no parto, em especial, de cesarianas desnecessárias e indesejadas”.
As palavras são da enfermeira obstetra, Dr. Miriam Rego, professora da PUC Minas.
“A medicalização do parto é uma transformação cultural que influenciou a capacidade de enfrentamento autônomo da experiência de parir. As redes e movimentos sociais pela humanização do parto são apontados como promotores da autonomia no exercício do direito à saúde, na medida em que possibilitam apoio mútuo, compartilhamento de experiências e mobilização coletiva das mulheres para reivindicarem seus direitos no parto”.
Ela se refere às rodas de conversa que ocorrem mensalmente em vários parques de Belo Horizonte, promovidas pela ONG Bem Nascer e Grupo Isthar BH. A sua tese de doutorado abordou o tema “Ressignificando-se como mulher com a experiência do parto: experiências de participantes de movimentos sociais pela humanização do parto”.
Participaram da pesquisa 15 mulheres integrantes do movimento pela humanização do parto de Belo Horizonte (ONG Bem Nascer, Grupo Ishtar BH e grupos virtuais, como Parto Ativo e outros). A amostragem inicial foi definida para incluir mulheres com diferentes experiências de gravidez e parto. As atividades presenciais promovidas pela ONG Bem Nacer e Grupo Isthar BH, o Facebook e as listas de discussão on-line foram utilizadas para convidar as mulheres para participarem da pesquisa. Os dados foram coletados de julho de 2012 a dezembro de 2013..
Na tese, os objetivos foram: Compreender o significado para a mulher de sua participação nos movimentos sociais pela humanização do parto; a trajetória de gestação e parto da mulher que participa de movimentos sociais pela humanização do parto e como a participação da mulher nos movimentos sociais pela humanização do parto influencia sua experiência de gestação e parto. E elaborar um modelo teórico explicativo da experiência de gestação e parto da mulher que participa de movimentos sociais pela humanização do parto.
Dividiu-se em três momentos: “Rompendo barreiras em busca de uma experiência de parto normal, Conquistando o protagonismo no processo do parto e Ressignificando a experiência vivida, que permitiram compreender a trajetória de gestação e parto da mulher que integra os movimentos sociais pela humanização do parto”.
“Ao ressignificar-se como mulher, ela se considera uma pessoa mais forte, capaz de cuidar de si e dos filhos, capaz de tudo o que desejar e transformada por sua experiência de parto. Mesmo quando não consegue parir, considera que a mulher tem direito de viver o parto como um evento que fortalece sua feminilidade e deseja lutar por esse direito, para que outras mulheres se superem e experimentem o prazer de parir” (trecho do resumo da tese)
Miriam Rego vai apresentar os resultados da sua tese na Roda Bem Nascer de maio. Na véspera, divulgaremos no site.