Assim que se descobrir grávida, comece a se soltar, a se preparar para um bom desfecho, um parto mais consciente e mais prazeroso. É possível? Sim. Hoje existem diversas técnicas, inúmeras ‘ferramentas’ para tornar este parto menos doloroso. Lembrando que é sempre trabalhoso, por isto se chama ‘trabalho de parto’.
(Trabalho de parto de Ângela Costa)
Antigamente, as mulheres iam parir a beira do rio, na Tenda das Mulheres, amparadas por parteiras, comadres, vizinhas. O parto era um evento eminentemente feminino, coisa de mulher. O pai ficava lá fora ‘fumando’, como se vê em alguns filmes. De repente, ele escutava o choro do bebê. Depois a medicina foi tomando conta deste espaço, o parto saiu das casas e foi transferido para os hospitais. Com isto, mudou-se o ponto de vista, o parto passou a ser encarado como um evento médico e passou a ser realizado em ambiente asséptico, frio e a mulher tratada como doente. Até hoje, em algumas maternidades a gestante é transferida do quarto para o local do parto de cadeira de rodas.
Este ambiente frio e tecnológico não ajuda em nada o trabalho de parto. Já dizia o mestre Michel Odent, ‘a ocitocina é um hormônio tímido’. Demanda privacidade, respeito, silêncio para se manifestar no corpo da mulher, levando-a a um parto fisiológico. Este hormônio flui no corpo durante a relação sexual, inunda o corpo durante o trabalho de parto e depois na amamentação. Um elo de amor. Odent relata que alguns animais, quando surpreendidos, têm seus trabalhos de parto interrompidos. Nós somos racionais, mas também animais. A ocitocina é chamado de ‘hormônio do amor’ porque ajuda a fazer o vínculo instintivo entre a mãe e o bebê.
Muitas mulheres brasileiras têm sido levadas para cesarianas desnecessárias, mais crianças nascendo prematuras, UTIs neonatais cheias, berços em casa vazios. Ou têm seus filhos submetidas a uma assistência tradicionalmente intervencionista. É submetida a procedimentos invasivos, excessivos toques, aplicação de ocitocina sintética, manobra de krisleller, raspagem de pelos, lavagens intestinais, episiotomia (corte na vagina) e anestesia em alta dosagem. Muitas fogem deste parto doloroso para a cesariana. Para as cesáreas não faltam argumentos: ‘seu quadril é pequeno’, ‘o nenê é muito grande’, ‘você não tem passagem’, ‘não tem dilatação’, ‘o cordão está enrolado no pescoço’...Segundo a Organização Mundial de Saúde apenas 15% dos partos demandam cesariana e, nestes casos, ela é uma benção, salva mãe e bebê.
Hoje, há opções de uma assistência respeitosa na saúde privada. Médicos que oferecem assistência humanizada ao parto e nascimento e trabalham baseados em evidências científicas, como o Núcleo Bem Nascer.
Se você está grávida, procure se informar, entender o nascimento em profundidade, sentir o seu corpo, fluir no parto. Permitir que ele transcorra com tranquilidade. A forma de nascer influencia a forma de viver, segundo Michel Odent. Garanta para sua gestação e parto um bom atendimento, com um profissional que atenda a seus desejos, que faz a opção de partos normais em sua rotina e trabalha com foco na medicina baseada em evidências científicas. O que é isto? Está provado que episiotomia não é bom, causa mais infecção, que o parto de cócoras é mais recomendado, que não é necessária a lavagem intestinal etc...; estes profissionais evitam os procedimentos considerados desnecessários e até prejudiciais. Recomendam os métodos não farmacológicos de alívio à dor e trabalham em parceria com as doulas (tradução:aquela que serve). E assistem os partos em ambientes favoráveis: com meia luz, silêncio, privacidade.