As primeiras palestras do' Curso de Preparação para o Parto Humanizado', promoção do Núcleo Bem Nascer , ocorreram na última quarta feira, 11 de março.Ele acontece na Associação Médica de Minas Gerais mensalmente e foi realizado em um auditório bem maior. Cerca de 50 pessoas – (25 casais) foram assistir a palestra da dermatologista, Dra. Adriana Biagioni, que falou sobre “Cuidados Dermatológicos na Gestação” e de Renato Janone que abordou o tema “Estou grávida – e agora?”.
As doulas Lena Rúbia e Isabel Cristina dos Santos e a jornalista Cleise Soares coordenaram no início uma pequena roda, onde cada um se apresentou. Como é tradição no Curso, uma mãe deu o seu relato de parto. Desta vez foi Michelle Alves, que foi acompanhada pelo companheiro Bruno e o filho Mateus. Mateus nasceu dia 24 de janeiro de parto normal na banqueta. Ela permitiu a divulgação do seu depoimento
Relato de parto: “Eu não estava sozinha”
“Bruno costuma brincar que sou muito controladora. Meu trabalho de parto veio mostrar que nem sempre é assim. Desde que me descobri grávida, comecei a levar uma vida mais saudável possível, mudei meus hábitos alimentares. Como não estava esperando, busquei um ginecologista. Fiz o acompanhamento por cinco meses. Comecei a ler sobre parto, vendo que queria uma linha mais humanizada, deixar o parto acontecer naturalmente. Vi que ela me direcionava para uma cesárea. Resolvi não esperar o momento, na hora do parto, por mais informações que possamos ter, não é hora de discutir com ela.
Uma amiga indicou Dr. Marco Aurélio Valadares, já no 6º mês de gravidez. Tudo ótimo. Não tive enjoo. Nada. Tudo perfeito. Outro mito, data prevista, 15 de janeiro. Contei para todo mundo. E chegou e nada. Nenhuma contração de treinamento. Período bem tenso, pessoas começaram a perguntar, contar coisas terríveis. A Lena (Rúbia) foi minha doula com quem eu desabafava por whatsapp. Comecei a me questionar. Será que estou pondo em risco a vida do bebê? Entrei na 41ª semana e sem nenhum sinal e, uma particularidade, Dr. Marco Aurélio tinha compromisso no final da semana. Sentia segurança com ele, o via de 2 em 2 dias, fazia acupuntura, e o Mateus quietinho.
Fomos conversar sobre a indução, se eu gostaria. Ele disse: você não quer, seu coração não está mandando isto. Dr. Renato Janone está de sobreaviso e vai acompanhá-la. Acordei angustiada, meu marido foi resistente pela minha escolha, por ele seria cesárea, já tinha até a data 13 de janeiro, por causa do Galo. Eu mostrava para ele vídeos, mastigava os textos. Ele ia comigo desde a primeira consulta. Marco Aurélio deu uma aula para ele, que começou a aceitar um pouco. Ele respeitou que o corpo era meu, o coração dele não era 100%. Isto de certa forma me dava uma angústia, medo de colocar em risco o meu filho.
Sexta feira, dia 23 de janeiro, amanhece angustiada, fui ao Sofia (Hospital Sofia Feldman), no Núcleo de Terapias Integrativas e Complementares. Eles me receberam super bem. Desde a primeira massagem – reflexologia – senti uma contração; fiz aurículo, ventosa, escalda-pés. Sai ao meio dia, tomei um táxi e chorava, chorava. Senti umas contrações. Na sexta à noite, senti uma contração, uma hora e meia depois veio outra, já não conseguia dormir. Comecei a acompanhar para ver se tinha um ritmo. Como me sentia angustiada procurava a Lena. Sempre vinha uma mensagem. Foi essencial para o meu processo. 1h30 elas vinham de 8 em 8m, de 6 em 6 minutos. 4h30, a bolsa estourou. Liguei para a Lena e o Marco Aurélio. 6h, ele me encontrou na Maternidade Santa Fé, me avaliou, estava de 3 cm. Dilatação e bolsa rota. Dr. Marco Aurélio sugeriu internar. Renato já ia para lá. Ele me deixou lá internadinha. Foi então que conheci Dr. Renato Janone. Lena chegou também. Contrações espaçadas. Lena me levou para caminhar para aumentar o ritmo, bola, massagem, chuveiro. Meio dia – seis horas depois – Dr. Renato avaliou, 5 cm. Em seis horas, evoluiu 2 cm. Lena e Bruno comigo. Ele é extremamente ansioso. Preocupava-me com ele. Para vocês, homens, é mais difícil.
Fiz Yoga durante minha gestação. Parava, fazia respiração certinha. Não senti muita dor em si destas contrações. Seis horas da tarde. Renato veio avaliar e eu não tinha dilatado e o intervalo estava de 10 em 10 cm, 12 em 12. Renato dizia: pode colocar gasolina aditivada? Não estava evoluindo. Referia-se à ocitocina. Eu que achava que tinha controle de tudo – fiz yoga, atividade física. O Plano de Parto mostrar o que a gente deseja. Não vai ser o que g ente queria. Conversamos. Colocou ocitocina. Foi extremamente difícil, com as contrações naturais eu conseguia lidar, com a ocitocina vinha muito rápido, sem intervalo e forte. A contração natural é como se fosse uma cólica, no intervalo você respira. A ocitocina dá a impressão que vem rasgando. Ficamos 2 horas, tentamos todas as posições possível, fomos para a banheira. Pedi arrego, não dava conta mais, estava exausta. Tinha começado desde cedo. Não é natural mesmo. Perdi um pouco a noção. Pedi uma analgesia e até uma cesárea. Os dois – Renato e Lena – disseram: Michelle, ele já está nascendo. Havia chegado a 10 cm de dilatação. Para falar a verdade, o sentimento é de que eu perdi. Vivi tudo o que queria, que ele desse o sinal e viver a natureza, estas dores. Se Deus quis assim. Usei da evolução com a ocitocina e a anestesia para melhorar o desconforto.
9h30 – dormi. 10h30 – está pronta para o filho nascer. Ele já estava lá, a cabecinha. Fiquei em pé. Sentia contrações, mas não sentia a dor. Sabia a hora de fazer a força. Como estava com o cateter, não pude voltar para a banheira, pelo risco de contaminação.
Renato perguntou: quer pegar a cabecinha? Peguei a cabecinha. Fui para o período expulsivo. Sempre havia perguntado para a Lena, como vou saber que chegou a hora? Ela respondia: não se preocupe com nada. Você internaliza aquela momento. Meu trabalho de parto não foi o dos meus sonhos – curto, rapidinho. Tem uma foto que revela muito. Eu estava com ele, 5 minutos já mamando, é comilão mesmo. Cansada, suja de sangue, mas se você for ver o meu rosto, é de plena feloicidade, satisfação. Cansada, mas extremamente feliz. Apesar de ter sido um trabalho de parto sofrido, eu faria tudo de novo. Sem falar na minha recuperação. Não fiz repouso. Recebi cem pessoas na maternidade, tudo deu certinho. Estava super bem. As pessoas falavam: você acabou de ter um filho e já está abaixa, levanta. Toda minha família está acostumada com cesárea. O pai disse que mudou a sua opinião no meio do caminho. Nas pesquisas ficamos sabendo que nascer de parto normal era melhor para o Mateus, começou a mudar de opinião.
Espero ter motivado vocês. Sempre tive muita segurança em afirmar para algumas pessoas a tranquilidade por estar assistidas por estas pessoas – pelo Marco Aurélio, o Renato Janone e a Lena. Sabia da competência, experiência, não estava sozinha.
Grata surpresa de ter o Dr. Renato que foi ótimo, tão bom quanto Marco Aurélio. Estejam assistidas por pessoas competentes, que pensam como vocês. Tudo muito conversado e na hora H, muito conversado. Viveria tudo de novo, do mesmo jeitinho. Não tive depressão pós-parto, o leite desceu no terceiro dia. O parto normal foi essencial para isto, pela minha ligação com meu filho.”
E agora?
Depois do depoimento, Dr. Renato Janone falou sobre os aspectos emocionais, as histórias e estórias que envolvem a gravidez e o parto; os fatores genéticos que influenciam a gestação e as mudanças físicas que ocorrem no corpo da mulher. Abordou os incômodos que ocorrem neste período, como o excessivo sono, sensação de cansaço, vontade de urinar todo momento, capacidade respiratória reduzida, inchaço. Recomendou exercícios físicos como Yoga e Fisioterapia. “Não dá para fazer atividade intensa durante a gravidez. Atividades de impacto leve não são proibitivas. Faça uma caminhada. Respeite seu corpo, ele é o melhor termômetro.”
Sexo pode?
Falou sobre sexo na gravidez. Pode? “Pode. Não tem risco de engravidar” – brincou – “a mulher que você casou é outra, o sexo é diferente. Não é impeditivo, é até interessante. O que vai determinar são os fatores emocionais. Somente se apresentar sangramento, placenta baixa é que não é recomendado.”
Sobre viagens:
“Evitar viagens longas, o problema é ficar muito tempo na mesma posição, afeta a circulação. Viagens curtas podem ser feitas. Peça sempre um laudo a seu médico caso seja exigido pela aeromoça.”
Plano de Parto
“A ideia é discutir o processo do nascimento”. Relatou sobre uma paciente que colocou no plano de parto que o bebê ia nascer numa noite de lua, os cachorros dariam os primeiros sinais ‘vou ouvir a movimentação no quintal’ e tal música... Nasceu na admissão da Maternidade Santa Fé. Se disser: quero tochas acesas, não dá, mas dá para colocar uma vela à bateria”, brincou.
Em Abril
A próxima edição do Curso de Preparação para o Parto Humanizado acontece dia 8 de abril, às 19h. Temas abordados: ‘Os três últimos meses de gestação – Plano de Parto e Preparo para o Parto, com Dr. Sandro Ribeiro, do Núcleo Bem Nascer e ‘Fisioterapia na Gestação’, com Sabrina Baracho.
Inscrições pelo telefone: 3261.9561 (Eliane)
Veja matéria feita sobre a palestra de Adriana Biagioni no link
(Fotos de Isabel Cristina dos Santos e Renato Janone)
Neste post você encontra as recomendações da dermatologista Adriana Biagioni.
http://www.nucleobemnascer.com/noticia/aprenda-cuidar-da-pele-e-dos-cabe...