O Parto se faz entre duas orelhas

Lançamento do livro "Entre as Orelhas - Histórias de Parto", em Porto Alegre.

Tem se tornado comum nas rodas de conversa com gestantes a frase “o parto se faz entre duas orelhas”. O que isto significa? Que as falas das pessoas ao nosso redor influenciam  nosso modo de ver e vivenciar o parto. Quem pronunciou esta frase foi Ricardo Jones, mais conhecido por Rick Jones,  obstetra de Porto Alegre em seu livro, “Entre as Orelhas – Histórias de Parto”, publicado pela editora Ideias a Granel, em 2012. Rick é muito conhecido nas mídias sociais e no movimento pela humanização do nascimento no Brasil e exterior. Participa da Lista 'Parto Nosso', é integrante da REHUNA e de outras instituições de apoio à humanização do nascimento. É um dos poucos obstetras brasileiros que assiste parto domiciliar, juntamente com a sua esposa Zeza Jones e uma doula.

Na foto à esquerda, Ricardo Jones faz palestra na Roda Bem Nascer Mangabeiras - acervo da ONG Bem Nascer)

(Na foto à direita: a jornalista Cleise Soares, a doula Daphne Bergo, o obstetra Rick Jones e sua mulher, a enfermeira obstetra Zeza Jones em visita ao Hospital Sofia Feldman, foto publicada no site da instituição).

Na introdução do livro, ele deixa um recado muito especial, que vai como dicas para as nossas mamães:.

“Para as mulheres, a quem dedico este livro, espero que sejam donas de suas próprias vidas e de seus corpos. Lutem contra a expropriação indevida de seus partos e seus bebês. Jamais deixem de escutar seus instintos de mãe. Sejam carinhosas e nunca esqueçam de que vieram ao mundo com a tarefa de cuidar e acalentar. Sua maior função neste mundo é ensinar o amor, e sem esse ensinamento não passamos de bestas sem destino. Sejam condescendentes e não tentem imitar os homens em suas fraquezas e futilidades.Sejam vocês mesmas, com seus desejos, suas dúvidas, seu carinho e seu amor. Não tentem ser o que não são. Fujam da “igualdade” e aproximem-se  do respeito mútuo às diferenças. Somos distintos, mas ocupamos o mesmo mundo, onde devemos respeitar uns aos outros em seus direitos. Não esqueçam jamais de amar os seus homens, porque esse amor é a maior vitória que podemos construir na vida. Somos “caminhantes dos milênios”, e nossa vestimenta – masculina ou feminina – é apenas um envoltório passageiro, mas que nos oportuniza um aprendizado inquestionável. E, por fim, amem seus filhos e façam deles cidadãos de verdade, para quem a fraternidade será um traço inconfundível e a liberdade uma tatuagem permanente marcada em suas peles.

A construção milenar do parto humano é algo que se processa entre as orelhas. É ali, nas dobras e circunvoluções encefálicas, no emaranhado de sinapses, nos pontos de confluência, que o nascimento se processa. Ou, se quiserem, é nesse ambiente secreto, onde moram os medos, as alegrias, as paixões e o amor, onde a alma se encaixa no corpo formando uma unidade que só a morte desfaz.”

 

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